Mudaram os tempos

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Mudaram os tempo, mudou o homem, revestiram-se os contos tradicionais de outras tantas formas. Mudou o nosso jeito de ler. Não mudou a condição humana. Daí a permanência desses contos entre nós.” (CAGNETI, 2013, p. 19).

Dentre os muitos espaços em que os contos de fadas são contados, um dos que mais se destaca é a floresta. Podemos encontrá-la como o centro dos acontecimentos em diversos contos, tais como: Branca de Neve, João e Maria, Peter Pan, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, etc. 

Então, se essa floresta aparece tantas vezes, o que ela significa?

Quando olhamos para a floresta no campo real, desde os primórdios da humanidade, a floresta associa-se a sobrevivência. Ela é encarada como o coração de uma região, um local onde a vida nasce e onde há uma diversidade imensa de plantas e animais. Mas além disso, a floresta também está ligada a perigos como animais selvagens e venenosos, e é esta perspectiva de floresta que os contos de fadas adotam.
Nos contos, a floresta, na maioria das vezes, possui um significado de perigo, e esta, analisada pela perspectiva simbólica, “corresponderá as exigências características do enfrentamento da vida.” (fonte)
Vamos pensar no conto João e Maria dos irmãos Grimm. A floresta representa um local de amadurecimento, pois, estas crianças são abandonadas na floresta, e não têm outra alternativa senão encarar os desafios vindouros, e sobreviver àquela situação. 
Quando somos crianças tudo é caminho. Estudar, brincar, perguntar ou descansar, qualquer coisa sempre vai levar a outra, qualquer ação é o caminho que leva para o adulto que seremos. Não à toa, a literatura infantil sempre usa deste elemento em suas histórias, onde, geralmente, a protagonista acaba se deparando com uma problemática. Chapeuzinho é advertida sobre os perigos do caminho e é lá que conhece seu antagonista.
Acontece que as crianças da contemporaneidade lidam com problemas de diferentes origens, alguns similares e outros muito diferentes das crianças da época de Chapeuzinho. A solidão, a violência, o abandono são alguns dos exemplos que permeiam os medos de crianças de todos os tempos. Em “O Beijo”, de Valérie D'Heur, a ausência do rotineiro beijo de mãe quando ela sai para seus afazeres é o drama de um pequeno pássaro, que sente a necessidade de seguir um caminho para encontrar alguém que lhe dê o beijo que não recebeu. 
De acordo com CAGNETI (2013), “os clássicos dos contos de fadas são compostos de princesas, príncipes e outras personagens encantadas que, durante o enredo, estão relacionadas às aventuras da protagonista”, e essas aventuras refletem, ao fim, o amadurecimento da personagem, que ao passar por adversidades, alcança a maturidade.  

CAGNETI, Sueli de Souza. Leituras em Contraponto. São Paulo: Paulinas, 2013.

D’HEUR, Valérie. O Beijo. São Paulo: Brinque-Book, 2003.

Foto retirada do site de fotos de licença livre Kaboompics.

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